sábado, 11 de maio de 2013

MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE UMA GALINHA DE PANELA





Hoje vossa senhoria rainha, não sabe das quantas, quis comer uma panela de galinha assada e crocante no leite de coco no almoço de domingo. Dentre as doze que havia no poleiro ninguém queria saber de ser o prato principal e ali todas rezavam e faziam suas oferendas até vendiam sua alma, na verdade nem sei se galinhas tinham almas, quanto mais almas penadas. Enfim, todas queriam viver um pouco mais, nada de panela pra nenhuma das amigas com penas.  

Enquanto todos os integrantes da casa da Vossa desgraciosa rainha acordavam pra um dia de folga, as galinhas acordaram cedo como de costume para esperar sua comida que sempre vinham deixar de manhãzinha. O capacho da casa trouxe, algumas comeram preocupadas e outras nem tocaram na comida para aparentarem estar magras demais pra servir de bandeja para a família exploradora de pobres bichos indefesos.

Chegou a tal hora que o carrasco escolheria a galinha pra ser sacrificada em prol dum domingo de sol e comida farta. Jurei pelas pontas e pedi a todos os deuses de galinhas, mais acabaram me pegando pelo pé.
Foi um desespero só, um lê,lê,lê. Sem dó nem piedade tiraram minhas penas, quebraram meu pescoço e tiraram meu sangue. Com o resto do meu corpinho não sei o que fizeram, só estou contando essa história porque ninguém come cabeça de galinha.

 E ainda tem gente que não acredita em almas penadas. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...