Hoje vossa senhoria rainha, não sabe das quantas, quis comer
uma panela de galinha assada e crocante no leite de coco no almoço de domingo.
Dentre as doze que havia no poleiro ninguém queria saber de ser o prato
principal e ali todas rezavam e faziam suas oferendas até vendiam sua alma, na
verdade nem sei se galinhas tinham almas, quanto mais almas penadas. Enfim,
todas queriam viver um pouco mais, nada de panela pra nenhuma das amigas com
penas.
Enquanto todos os integrantes da casa da Vossa desgraciosa
rainha acordavam pra um dia de folga, as galinhas acordaram cedo como de
costume para esperar sua comida que sempre vinham deixar de manhãzinha. O
capacho da casa trouxe, algumas comeram preocupadas e outras nem tocaram na
comida para aparentarem estar magras demais pra servir de bandeja para a
família exploradora de pobres bichos indefesos.
Chegou a tal hora que o carrasco escolheria a galinha pra
ser sacrificada em prol dum domingo de sol e comida farta. Jurei pelas pontas e
pedi a todos os deuses de galinhas, mais acabaram me pegando pelo pé.
Foi um desespero só, um lê,lê,lê. Sem dó nem piedade tiraram
minhas penas, quebraram meu pescoço e tiraram meu sangue. Com o resto do meu
corpinho não sei o que fizeram, só estou contando essa história porque ninguém
come cabeça de galinha.
E ainda tem gente que não
acredita em almas penadas.
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