domingo, 6 de janeiro de 2013

O velho moço


Quando o verão estava chegando, eu contava as horas e os minutos pra ir à praia com meus amigos. Ver o sol se pôr vermelho, fazer planos pras compras do piquenique, a brisa da África trazida pelos ventos do leste... Enfim.
Dessa vez algo me chamou atenção mais do que as brincadeiras no litoral, ver vários barcos cheios de homens velhos outros mais jovens trabalhando para seu sustento. Vários puxando as cordas dentro d’agua cheia de peixes de todas as formas, cores, desenhos que reluziam no sol. Como se fossem cristais, na verdade eram cristais sim, os peixes para os pescadores é seu troféu de maior valor.
Dentre todos aqueles barcos ao longe se via um nobre pescador, sem rede nem vara apenas seus longos anos de experiências, o que se era estranho é que ele vinha em direção contrária aos barcos que ali iam de encontro ao mar em busca do seu troféu.
O homem ao chegar ao píer, dava pra notar sua idade avançada, mas ainda forte como um rapaz de trinta anos. Suas mãos calejadas, suas rugas, pele seca e muitas cicatrizes demonstram o que poderia procurar o homem. Ao me aproximar perguntei o que fazia. Retrucou-o com arrogância de solitário – nada interessa a você- pensei em entreter com alguma coisa, mas não queria conversa. Fui então direto e perguntei sobre sua família, ele parou me olhou no fundo dos meus olhos, nem havia percebido mais seus olhos eram azuis como o mar, disse ele que havia perdido alguém no oceano. Foi quando me calei por quase dois minutos. Olhei para aquela imensidão sem fim de água salgada.
Sentei com o velho. Contou-me uma história que já conhecia. A história do TITANIC. Disse eu que já conhecia. – É triste quando uma história cinematográfica é trágica. Ainda mais quando é real, mais real pra mim - Não entendi a principio mais ele prossegui dizendo que havia perdido a mulher em um pequeno barco que atravessava às 4 da manhã.
Ele segurava um colar de ouro branco quando contava e chorava suas perdas e desapegos. Quando olhava pra água ele a via com o mesmo vestido da tragédia e sempre ia às 4 horas fazer sentinela. Ele me disse algo que jamais vou esquecer. Amor não é história de pescador. Tomou suas trochas e saiu pelas ruelas da cidade.

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