Segunda-feira, sentado no canto sozinho com uma cerveja qualquer. Um moço bonito tinha lá seus 27 anos olhava fixo pra sua carteira, imaginei que havia alguma foto ele fixava e ficava muito tempo imóvel.
Eu cá limpando os copos da copa do bar, meu tio é o dono. Adoro trabalhar ali. Não por causa dos bêbados ou por ter cerveja. É que o bar ficava de frente pra janela de Joana a moça misteriosa da escola. Olhei pra janela mais ela não estava lá.
Um ruído estranho veio do canto onde aquele moço estava sentado, pude ver as lágrimas descendo feitas cachoeiras incontroláveis de um rosto sem rugas. Estava eu a me perguntar, o que um homem faz à segunda-feira em um bar? O som de uma música ruía as caixas de som velhas, eram as guitarras românticas do Scorpions. Aproximei-me do rapaz, bastou um olhar para que eu entendesse o sofrimento desse homem que se autodestruía com comprimidos para dormir e álcool no sangue.
- Deus existe? – perguntou ele.
Com incerteza das consequências respondi:
- talvez.
Com um gole ele bebeu todo o resto pedindo mais cerveja e mais comprimidos. Ele abriu a carteira e me mostrou seu diploma de médico que estava bem amassado. Com medo e tremendo perguntei o que um homem letrado fazia em um bar chorando e tomando todos esses remédios pra dormir, ele deu de ombros e disse que sua filha havia morrido.
- Minha mulher anda pela casa igual zumbi, meus pais, não sabem do que se passa e às vezes liga perguntando da netinha cantora que eles tem.
Engoli em seco, ele continuou mais não entendi o resto só ouvi algo parecido em pegar o carro e sair. Ele pediu a conta quando virei ele havia deixado uma nota de 50 reais e fiquei preocupado com o paradeiro dele.
Debaixo da nota de 50 reais tinha um cartão com um numero então resolvi ligar, quando a secretaria eletrônica disse que era da casa dos pais do moço fiquei imóvel, sem voz e então desliguei.
Joana ainda não tinha aparecido na janela e minha cabeça ainda estava zonza.
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